Na data de 11 de setembro de 2024, tive a oportunidade de palestrar sobre “A Saúde dos Profissionais de Psicologia nas Políticas Públicas” para os alunos do curso de Psicologia da Faculdade Uniessa, em Uberlândia-MG. Esse evento, realizado em parceria com o Conselho Regional de Psicologia, chamado Psicologia em Foco, abordou um tema essencial: a saúde dos psicólogos que atuam em ambientes públicos, como o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social). Durante a palestra, compartilhei minha experiência pessoal no CRAS de uma região periférica da cidade, onde, apesar da minha paixão pela Psicologia Social, enfrentei dificuldades estruturais e a falta de cuidado por parte dos gestores públicos.
Os Desafios
Trabalhar em políticas públicas, especialmente em ambientes como o CRAS, traz uma série de desafios. A falta de condições adequadas de trabalho é uma realidade comum para muitos psicólogos que atuam nesses espaços. Faltam recursos, estrutura física e, muitas vezes, apoio institucional para lidar com a alta demanda de casos. Enfrentar essas condições pode ser desanimador e, mais que isso, pode gerar um desgaste emocional significativo.
Na minha experiência, a falta de condições não se limitava à infraestrutura. Muitas vezes, a ausência de diálogo e de reconhecimento por parte dos gestores políticos tornava a situação ainda mais difícil. É como se a saúde do profissional fosse negligenciada, algo que não deveria ser aceito em nenhuma circunstância. Os psicólogos, assim como outros profissionais de saúde, precisam de um ambiente de trabalho que promova seu bem-estar para que possam oferecer o melhor atendimento aos seus pacientes.
Estratégias de Cuidado
Diante dessa realidade, é fundamental que os psicólogos que atuam em políticas públicas desenvolvam estratégias de cuidado. Durante a palestra, compartilhei algumas das estratégias que consideramos cruciais para manter a saúde mental em ambientes tão desafiadores. Uma delas é o cuidado mútuo entre colegas. Muitas vezes, encontrar apoio nos pares, compartilhar experiências e buscar soluções conjuntas pode aliviar o peso das dificuldades estruturais.
Além disso, é preciso falar sobre a permissão para cuidar de si mesmo . Durante a palestra, citei meu artigo científico, “O trabalho do psicólogo no CRAS: diferentes formas de cuidar”, onde discuto como o autocuidado deve ser parte integrante da rotina de quem atua nesses ambientes. Práticas simples, como tirar um tempo para refletir sobre as emoções do dia, buscar apoio profissional e até mesmo inserir atividades prazerosas no cotidiano, podem fazer a diferença.
Outro ponto crucial da discussão foi a responsabilidade dos gestores políticos na criação de condições adequadas de trabalho para os psicólogos. É impossível falar sobre a saúde desses profissionais sem reconhecer que a falta de apoio estrutural e emocional dos gestores contribui diretamente para o adoecimento. Os profissionais precisam de reconhecimento, recursos e apoio institucional para lidar com as demandas do dia-a-dia.
Para Estimular
A saúde dos profissionais de psicologia que atuam nas políticas públicas é um tema que precisa ser amplamente discutido. Além de estratégias de cuidado e autocuidado, é essencial que os gestores políticos e a sociedade em geral reconheçam a importância de garantir condições adequadas de trabalho. Cuidar da saúde desses profissionais é garantir que eles possam continuar cuidando das populações que mais precisam de seu suporte.
Um abraço
Thalita Mara
